Figurinha carimbada de tradicionais pratos da culinária baiana, o tomate registrou 16,38% de inflação acumulada na Região Metropolitana de Salvador neste ano, com o preço do kg que pode chegar até R$ 14,99. O reajuste afeta o bolso do consumidor final e os negócios de produtores rurais e atacadistas.
A alta foi registrada pelo índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O produtor Gideone Fonseca, popular “None” como é conhecido na cidade de Seabra, afirma que a mudança nos preços é resultado no aumento nos custos de produção por causa da alta incidência de praga na traça do tomateiro, o clima quente e seco da região potencializa o ataque da traça no tomate, responsável por causar danos nas plantações desde às folhas aos frutos.
Há 19 anos fornecendo o fruto produzido em Seabra, na Chapada Diamantina, para as regiões próximas, até outras mais distantes como, Itaberaba, Aracaju, Barreiras, Feira de Santana, Salvador e Pará, None conta que outro motivo para este reajuste nos preços do tomate, foi o aumento dos insumos, “Na época da pandemia os adubos e defensivos subiram muito, aumentando assim o investimento na plantação. Muitos produtores pararam, não conseguiram plantar mais”, explica o produtor.
De acordo com None, um dos aspectos que determinantes para o aumento do preço do tomate é a dinâmica da oferta e procura, “Os produtores da Bahia não estão conseguindo fornecer no CEASA em Salvador, acredito que 70% que está entrando na Bahia está vindo de outras regiões como, Goiás e Minas Gerais. E nós aqui da Bahia estamos conseguindo atender apenas 30% do CEASA por que não estamos tendo”, relata.
None acredita que esta produção só vai normalizar a partir do mês de setembro e outubro, quando vier a outra safra e desta forma a oferta vai aumentar.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística confirmam uma inflação de 16,38% do tomate na Região Metropolitana, valor que sofreu um aumento em relação ao número do mesmo período em 2022, quando a inflação do produto era de 14,69%. Por outro lado, a partir de maio deste ano, o salário mínimo nominal atingiu o valor de R$ 1.320,00, enquanto o mínimo necessário para atender às necessidades de uma família de quatro pessoas deveria ser R$ 6.652,09, segundo levantamento do Pesquisa nacional da Cesta Básica de Alimentos, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Já em Seabra cidade onde o produto é colhido, o quilo do tomate em algumas quitandas e mercados também subiram o preço, variando entre R$6,60 e R$ 7,00. None relata que ele planta e comercializa e para manter o comércio, ele teve que plantar mais, pois não estava achando outros fornecedores.
