BC alerta sobre risco fiscal e não descarta subir a Selic

                        

Por Alvaro Gribel

O Banco Central deu vários recados ao governo brasileiro na Ata do Copom divulgada na manhã de ontem, após interromper o corte da Selic em 10,5%, em decisão unânime, na última semana. Por ora, não há sinais de novas reduções iminentes da taxa Selic, o que só voltará a ocorrer após “firme compromisso de convergência da inflação à meta”.

Como a Ata abandonou o chamado “guidance”, ou indicação clara sobre o que o BC fará no futuro, isso abre as portas até para um possível aumento da Selic, caso haja uma piora significativa do cenário nos próximos meses. O Copom, como sintetizou um analista de mercado, está “dependente” dos dados para definir os seus próximos passos.

A condução da política monetária ficou mais desafiadora, com o aumento da estimativa feita pelo Banco Central sobre a taxa neutra de juros, de 4,5% para 4,75%. Isso quer dizer que a economia brasileira perdeu dinamismo - ou está com PIB potencial mais baixo - e precisará agora de uma taxa Selic mais alta para se conseguir levar a inflação para a meta de 3%.

Há várias causas para isso apontadas pelo Banco Central, entre elas, a incerteza sobre a dívida pública e o “esmorecimento no esforço de reformas estruturais”, recados que servem tanto para o Executivo quanto para o Legislativo do país.

“O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, disse a Ata.

Três causas para fim do corte

O Banco Central deu três motivos principais para parar de cortar os juros na última reunião: cenário externo mais incerto, atividade mais forte no País – com ênfase para o mercado de trabalho e o consumo das famílias – e a piora das expectativas de inflação. Esses três componentes demandam “maior cautela” na condução da política monetária e motivaram que a decisão fosse unânime.

Por tudo isso, a indicação é de que a Selic deve se manter “contracionista” por tempo suficiente, até que o cenário melhore.

“A política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê se manterá vigilante e relembra, como usual, que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse o BC.

O Banco Central classificou o mercado de trabalho como “apertado”, o que sugere pressões principalmente sobre a inflação de serviços. Segundo o BC, os serviços foram tema de “muito escrutínio” por parte dos nove diretores do banco e terá papel “preponderante” para que a inflação volte para a meta.


Fonte: Agência Estado
Foto: Banco Central do Brasil
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