Bahia registra mais de 35 mil tentativas de fraude de identidade em fevereiro

Dados do Serasa apontam que estado é líder regional em registros de roubo de dados pessoais para obtenção de vantagens financeiras


Por Livia Veiga

O empresário Gustavo Coelho atendeu a uma ligação no início da tarde desta quarta-feira (24) e logo suspeitou que poderia estar sendo vítima de um golpe. O que parecia ser o atendimento eletrônico do banco Itaú, consultando o cliente sobre o reconhecimento de um boleto no valor de R$ 4,9 mil, na verdade, era uma tentativa de fraude.

Ao invés de discar “2” para sinalizar o não reconhecimento da compra e seguir para o atendimento, o empresário desligou e encontrou em contato direto com a instituição bancária, sendo informado que muitos clientes têm sido alvo da mesma prática criminosa. Após consultar o cadastro do cliente e não identificar o suposto pagamento programado, sequer tentativa de contato do banco, a atendente confirmou a fraude e orientou que, nestes casos, a chamada seja recusada e que a instituição financeira seja contactada para sanar a dúvida.

No Brasil, este tipo de golpe é mais comum do que se imagina: segundo o Indicador de Tentativas de Fraude, da Serasa Experian, nos últimos 12 meses, foram computados no país mais de 10,4 milhões de tentativas de fraude, quando dados pessoais são roubados e os golpistas tentam se passar por outras pessoas para obter vantagens financeiras.

No Nordeste do país, foram registradas 132.700 tentativas de fraude de identidade, enquanto, na Bahia, 35.490, o que posiciona o estado como líder em notificações na região, à frente de Pernambuco (24.655) e do Ceará (23.133). No ranking nacional, a Bahia ocupa a sétima posição em notificações deste tipo.

No destaque por setores, a maior parte das ocorrências de fevereiro deste ano foram em “Bancos e Cartões” (50,7%), seguido por “Serviços” (34,6%), “Financeiras” (9,7%), “Varejo” (3,6) e “Telefonia” (1,3%). Em relação às idades, os cidadãos de 36 a 50 anos foram os que mais visado pelos criminosos no referido mês (35,9%).

“Cuidar dos dados pessoais é uma tarefa diária, mesmo quando o indicador demonstra diminuição nas tentativas de fraude de identidade. Os consumidores precisam ficar atentos com a segurança de suas informações, principalmente, em ambientes on-line. Da mesma forma, as empresas necessitam continuar blindando seus sistemas com soluções de autenticação e prevenção a fraudes em camadas para identificar quem é quem”, afirma o Diretor de Autenticação e Prevenção à Fraude da Serasa Experian, Caio Rocha.

O delegado Delmar Bittencourt, coordenador do Laboratório de Inteligência Cibernética da Polícia Civil (Ciberlab) da Bahia, orienta que o cidadão evite clicar em links desconhecido e que não transfira dinheiro sem antes entrar em contato com a pessoa que, supostamente, esteja pedindo. Além disso, o titular alerta para promoções. “Sempre desconfie de benefícios como hospedagem, almoço e jantar promocional. Verifique se o endereço do Instagram é realmente daquele restaurante ou hotel”, afirma.

Outro ponto importante é registrar a ocorrência, pois a informação auxilia a polícia na identificação da prática criminosa, do ponto de vista estatístico e na adoção de políticas públicas. Bittencourt ainda orienta que em caso de crimes envolvendo Pix, o cliente entre em contato com o banco para solicitar o bloqueio cautelar.

Conforme o Banco Central do Brasil, o bloqueio cautelar é um mecanismo exclusivo do Pix para aumentar a segurança dos seus usuários, em caso de suspeita de fraude. No momento do recebimento do Pix, os recursos são imediatamente bloqueados por até 72 horas pela instituição do recebedor para fazer uma avaliação mais detalhada.

Outras dicas dos especialistas da Serasa


Consumidores

Garanta que seu documento, celular e cartões estejam seguros e com senhas fortes para acesso aos aplicativos;

Atenção com links e arquivos compartilhados em grupos de mensagens de redes sociais. Eles podem ser maliciosos e direcionar para páginas não seguras, que contaminam os dispositivos com comandos para funcionarem sem que o usuário perceba;

Cadastre suas chaves Pix apenas nos canais oficiais dos bancos, como aplicativo bancário, Internet Banking ou agências;

Não forneça senhas ou códigos de acesso fora do site do banco ou do aplicativo;

Não faça transferências para amigos ou parentes sem confirmar por ligação ou pessoalmente que realmente se trata da pessoa em questão, pois o contato da pessoa pode ter sido clonado ou falsificado;

Inclua suas informações pessoais e dados de cartão somente se tiver certeza de que se trata de um ambiente seguro;

Monitore o seu CPF com frequência para garantir que não foi vítima de fraude.

Fonte: Tribuna da Bahia
Foto: Reprodução/TV Bahia
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